27 abril 2010

Dia Mundial da PI 2010 - Hélio Rebelo (Fábrica Paupério)





Hélio Rebelo, 29 anos, Engenheiro de formação é actualmente gestor da Fábrica Paupério, empresa centenária de bolachas e biscoitos e que recentemente iniciou um processo de renovação e modernização. Esta empresa possui desde 1941 o registo da marca “Paupério” atribuído às Bolachas, Biscoitos, Bolos e Compotas nela fabricados.


"Patentear um produto, uma marca, um serviço (...) [é] acima de tudo uma forma de evidenciar que fomos pioneiros, (...) [é] uma forma de nos afirmarmos globalmente "




PITI - A inovação, com as novas tecnologias, trouxe uma sociedade da informação e do conhecimento, como já é vulgar ouvirmos. De que forma esta inovação nos traz também, ou não, uma “sociedade verdadeiramente global”? Sente que actualmente, no contexto da inovação em Portugal, podemos afirmar que os produtos e serviços que hoje criamos são, de facto, globais?

Hélio Rebelo - A globalidade da sociedade depende naturalmente do acesso que a mesma tem à inovação a às novas tecnologias. O século XX foi o século do conhecimento. A riqueza do ser humano media-se pelo seu grau de conhecimento, pela facilidade ou dificuldade de acesso à informação. O século XXI, embora estejamos numa fase de transição, será o século dos sonhos. Será importante saber e conhecer, mas será muito mais importante inovar e dar a conhecer. Este será o século em que poderemos fazer depender da nossa oferta a procura dos outros, criando neles expectativas e/ou necessidades. Por tudo isto acredito que os produtos e serviços podem ser globais.


PITI - Qual é a importância da Propriedade Intelectual para tal situação? Entende, e desde quando, que a Propriedade Intelectual é relevante para a “globalização” dos serviços e produtos nacionais?

Hélio Rebelo - Patentear um produto, uma marca, um serviço não é só uma questão de vincar “isto é meu”. É acima de tudo uma forma de evidenciar que fomos pioneiros, que inovamos, que estamos à frente. É uma forma de nos afirmarmos globalmente.




"acredito que os produtos e serviços podem ser globais"


PITI - Na prática e na sua experiência profissional, quais são as grandes virtudes e limitações do sistema de Propriedade Intelectual nacional / comunitário / internacional? Considera que Propriedade Intelectual oferece uma “estrutura para a troca e disseminação de tecnologia” e um “incentivo para a inovação e competição?


Hélio Rebelo - Na prática é fácil patentear. O mais difícil é “proibir” a cópia. Mas como em tudo na vida há os prós e os contra. De um lado temos quem copia, quem nunca investe, quem se aproveita do investimento dos outros. Do outro lado temos o investidor, que quer sempre mais, que fica chateado porque o copiam, mas acima de tudo que volta a investir, volta a inovar e volta a apresentar algo de novo. No fundo todos têm um papel, mas como diz o ditado “candeia que vai à frente ilumina duas vezes”.


"É importante que as patentes dos outros despertem em nós vontade de fazer mais e melhor"


PITI - Acredita que a Propriedade Intelectual poderá, realmente, constituir-se como um pilar de colaboração global no combate aos desafios que se impõe ao ser humano?


Hélio Rebelo - Acho que sim. A propriedade intelectual, e para nossa salvação, não é pertença de um só individuo, é pertença da sociedade como um todo. É importante que as patentes dos outros despertem em nós vontade de fazer mais e melhor. Por exemplo, se alguém inventa uma nova qualidade de bolachas, outro alguém pode criar o pacote ideal para as mesmas bolachas, ou seja, o trabalho de ambos poderá ter o resultado perfeito. Ainda bem que é assim. Ainda bem que num mundo tão complicado podemos associar à Propriedade Intelectual conceitos como “cooperação” e “objectivo comum”.

"todos têm um papel, mas como diz o ditado 'candeia que vai à frente ilumina duas vezes'"

Sem comentários: