02 outubro 2008

iTunes ameaça fechar... as editoras

O iTunes é notícia. Ora porque a sua interoperabilidade está de novo em questão, ora porque a Apple está a fazer birra porque não quer pagar mais pelos direitos de autor.


Neste momento cada faixa vendida online rende 9 cêntimos em direitos de autor; sendo que a entidade norte-americana responsável, Copyright Royalty Board, está a estudar a hipótese de subir o pagamento para 15 cêntimos por música.

O iTunes continua a ser a maior loja de venda de música online no mundo, e parece moralmente inaceitável uma ameaça deste género (Apple acena com a possibilidade de fechar a loja virtual). Contudo, a empresa da maçã alega que hoje 70% das receitas vão direitas para as editoras...
Sabendo que cada música, nos EUA, custa cerca de um dólar significa que, a ser verdade o que alega a Apple, as editoras recebem 70 cêntimos por música. Destes só 9 cêntimos chegarão ao artista...

A morte da música física é uma realidade, na perspectiva do mainstream e a longo prazo. A indústria musical já vem sendo avisada que o panorama está a mudar, e ela tarda em adaptar-se.
A maior arma de combate à pirataria é a venda online legal fácil e acessível.
Não deixa de ser difícil compreender a postura da Apple, como se o iTunes fosse de vital existência. Se o for, sê-lo-á para as editoras (mais do que para o consumidor, que continua a ter "mercado negro" à mão; e mesmo para os artistas que têm, para já, que se fiar mais nos concertos do que nas royalties). Esperemos que as editoras, que têm sido lentas, não deitem tudo a perder outra vez...

3 comentários:

Edu Camargo disse...

Sinceramente, eu gostaria que a AmazonMP3 pudesse se expandir, de modo a oferecer uma alternativa mais atraente para o consumidor. É indiscutível que a Amazon abriu uma grande perspectiva. Vender faixas em MP3 é mais atraente, atende a todas as necessidades, sistemas operacionais, dá margem para o mercado da chamada música digital (já que o CD também é digital), se expandir. Quem sabe amanhã ou depois eles venham a oferecer uma opção sem perda, chamada FLAC?

Mas, ainda, para quem deseja comprar música, principalmente música do mainstream, a coisa ainda não se adaptou ao mundo de hoje. A internet é de todo o mundo, porém, ainda sofremos com a música restrita a territórios. Será que a indústria não ganharia com as mudanças nas leis de direito autoral?

A verdade é que, ainda vivenciamos uma situação totalmente estúpida. O iTunes poderia ser um grande passo para a evolução da música, mas as restrições impostas por gravadoras e editoras, sem falar da interoperabilidade da Apple, é indiscutivelmente intolerável. Bom, mas não sei por que estou falando estas coisas, já que a única barreira pra que a música ganhe de volta o seu vigor, é o panorama musical mudar. Vamo combiná, a maioria do que se ouve em rádio é lixo, lixo, lixo! Talvez a música esteja em seu lugar certo no momento.

Daniel Torres Gonçalves disse...

Não acho que o problema maior esteja nos direitos de autor, mas na indústria musical em si. Ainda não encontraram um modelo de negócio capaz de lidar com a nova realidade da democratização de facto da música, especialmente face à nova geração.
Existe um novo modelo de negócio que pega no conceito de subscrição e obtenha tudo o que deseja e melhora-o. A Nokia irá disponibilizar telemóveis, virados para a reprodução de música, cuja compra inclui um ano de downloads gratuitos de música. Uma alternativa legal, onde o consumidor não sente na pele o pagamento de uma subscrição mensal.

Quanto à rádio concordo. As rádios mainstream tocam e voltam a tocar 10 ou 15 músicas por dia... Não admira que os jovens vão para a internet onde podem ouvir tudo o que querem (e custa o mesmo que ouvir rádio: nada!)

Obrigado pelo comentário soulbrother.

Edu Camargo disse...

Bom, baseado no que eu presencio aqui no Brasil, eu ainda acredito que as pessoas comprariam música, sem qualquer probblema. Eu até prefiro a idéia de que hoje, o artista interaja diretamente com o seu fã e o fã tenha certeza de que está remunerando devidamente o seu ídolo, e não um bando de intermediários. Deveria ser esta a regra, não?
Acho que esta história de assinatura mensal/anual é bem interessante, desde que se acabe com a idéia de controlar quem faz o que quer que seja com a música que baixa para o computador. Aqui por exemplo, não vejo ninguém falar do "Sonora" que é a única no Brasil que usa este modelo assinatura para promover música. Além do Sonora, temos mais dois serviços que seguem o modelo da iTunes Store, que é a IMusica e a UOL Megastore. Todos estes serviços usam WMA protegido. Estatísticas por aqui afirmam que o chamado digital download legalizado não supre nem mesmo 1% do que o mercado deveria obter de resposta, para compensar a queda na venda de CDs. A partilha, ainda éé mais interessante.

O melhor exemplo que nós temos de assinatura para download chama-se EMusic. As faixas são em MP3, não existe qualquer esquema de proteção e, além disso, as músicas não sofrem de restrições territoriais. Boa parte do material lá contido é indie, e há também algumas raridades do chamado mainstream. Encontrei lá, inclusive, coisas do Ray Charles, do tempo em que ele descaradamente imitava Charles Brown e Nat King Cole. É realmente um bom lugar pra se obter música e você pode fazer, inclusive, assinatura anual. O dólar não estando alto demais para os nossos bolsos, não pesa.

Mas eu ainda sou da idéia de o próprio artista começar a ter relações diretas, de algum modo, com o seu fã. Uma loja em seu site, ou até mesmo a musictoday (aliás eu comprei a versão FLAC do álbum "Long Road Out of Eden" do "Eagles", graças à loja do Eagles na musictoday)... Acho que isto ainda faz uma grande diferença para o amante da música.

Cumprimentos,

Edu Camargo.