20 novembro 2008

O médico confronta-se com a Medicina (mais do que com a Justiça)

Hoje, a medicina confronta-se com a sua dimensão. Durante muito tempo, muitos séculos e até recentemente, o médico era visto como intocável sendo que as suas decisões não eram avaliadas criticamente. A doença ou a morte eram fruto da vontade de qualquer Deus, e o médico era enviado desse mesmo Deus.


Hoje, a evolução tecnológica e científica atribui ao papel do médico, pelo menos aos olhos do paciente, o enviado a materializar os conhecimentos e vitórias conseguidas pelo Homem, como visto aqui como uma grande comunidade. A ciência mostra-se capaz de cada vez mais tratar de quase todas as maleitas, pelo que as acções dos médicos passaram a ser sindicáveis pelos pacientes.


Por outro lado, a noção de que só os melhores conseguem entrar nas faculdades e a sociedade investe neles pelo menos 10 anos de formação, atribuindo-lhes a confiança para tratar da nossa mais valiosa pertança, a saúde, dá aso a que se queira fazer exigência pouco compreensíveis aos médicos.
A verdade é que hoje há um sentimento de protecção pelo direito que engloba a relação com o médico. Assim, o paciente sente-se capaz de se queixar se perceber que não foi bem atendido. Como é óbvio o direito para exercer a tutela dos direitos do paciente exige muito mais do que o não ser bem atendido (ao contrário do que acontece em certas jurisdições, começando pelo Brasil, em Portugal há um completo desprendimento entre prtotecção do consumidor e a protecção do paciente).
A liberdade que os pacientes se dão para se queixarem vem aumentar o fardo sobre o médico, que muitas vezes não conta com as melhores condições de trabalho (começando pelo número de horas e falta de material), além da clara natureza da medicina como ciência inexacta.
Contudo, é positivo este retirar o médico do pedestal - a saúde e vida de uma pessoa não deve ser lidada com qualquer leveza, e os médicos que não se apliquem o exigível esforço no tratamento de uma pessoa deverão ser punidos.

Estas breves e superficiais considerações no campo do Direito da Medicina prendem-se com a notícia do PÚBLICO sobre a condenação de um médico pelo Tribunal da Relação do Porto, que fora absolvido na primeira instância. Para quem tiver interessado este acórdão está disponível online na dgsi.

Notícia do PÚBLICO.

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