24 junho 2008

A velocidade já não é para a música

No rescaldo da condenação por partilha ilegal de música, ver aqui e aqui, a AFP e a Audiogest vêm acusar as campanhas publicitárias dos servidores de internet. Nomeadamente, segundo a notícia do Correio da Manhã, o facto daquelas se centrarem na velocidade e possibilidade de downloads por parte dos utilizadores.

Não posso de deixar de concordar com esta preocupação. Hoje, os servidores tentam persuadir o consumidor através das características de velocidade e downloads ilimitados. E, é um facto que tais características são exploradas por alguns (ou muitos) utilizadores, também, em comportamentos violadores dos direitos de autor.

Contudo, é de estranhar que esta seja a maior preocupação dos agentes da indústria musical. Há uns anos, o aumento da velocidade da internet teve impacto no download de músicas; mas, isso já acabou. O aumento da velocidade tem impacto ligeiro na redução do tempo de download de uma música, mas não é significativo.
Hoje, o real impacto do aumento da largura de banda está nos downloads do vídeo, isto é filmes e séries. Já é possível fazer download de filmes recentes e séries inteiras num quase piscar de olhos. Na música isto já acontece há "muito".

Isto não implica que os servidores de internet não procurem ter uma acção didáctica junto dos seus potenciais clientes. E, neste ponto, a mensagem daquelas entidades tem todo o cabimento.
Só temo é que o possível resultado desta reivindicação não seja melhor do que as letrinhas nos anúncios a bebidas alcoólicas: beba com moderação.

Este comentário é feito com a salvaguarda de o PITI não ter tido acesso ao texto integral da nota emitida pela AFP e Audiogest.
Falta saber se esta entidades terão a pretensão de ver implementada um medida que foi notícia há umas semanas no Reino Unido: a Virgin Media começou a enviar cartas de aviso aos seus utilizadores porque estes poderiam estar a fazer downloads ilegais (na carta lê-se ""We understand you may be concerned about this, and you might be unsure how it happened"). Esta medida é de repercussões comerciais duvidosas (trata-se de uma relação entre serviço e cliente), bem como existe o risco de serem levantadas falsas suspeitas. A ameaça não parece ser o caminho certo.


Ver a notícia do Correia da Manhã.
Ver notícia sobre a Virgin Media (em inglês).
Ver o modelo da carta enviada pela Virgin Media.

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